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quarta-feira, 10 de maio de 2017

Quase duas décadas depois, a Factory vira poeira e entulho

Quantas gerações de leopoldenses e moradores da região do Vale do Sinos e da região metropolitana, tem na memória o apito de uma fábrica, sinal para  balada com música eletrônica na Disco da Factory Club, na esquina da Lindolfo Collor com a Independência?

 "Assim começava a festa em uma das melhores casas noturnas do Estado na década de 90 e que se estendeu por muitos anos", recorda a ex-promoter Leticia Meine, hoje puro saudosismo ao lembrar do prédio que hoje virou pó e memória.  "Sei que isso faz parte do desenvolvimento. Casa noturna tem tempo de vida. Mas tenho o maior orgulho de ter feito parte de uma das melhores casas noturnas do Estado. Era o Dado Bier em Porto Alegre, e a Factory Club e depois Bier de São Leopoldo. Celebridades do Estado e nacionais frequentavam o local que tinha restaurante, pub, disco e choperia.  Também lá muitos casais se conheceram e casaram. Fui cupido de vários", diz Letícia Meine. Ela (Leticia) lembra que o nome Factory foi escolhido porque antes funcionava uma fábrica no prédio. "E a Disco começava com um apito de fábrica", diz.

A jornalista Camila Rocha Abreu, assessora de imprensa da Factory durante a licença maternidade de Leticia Meine, abriu o baú e o coração. "Nossa, fiz muita entrevista com clientes, com a galera, com famosos que frequentavam. A lista vai de jogadores de futebol, do Grêmio, por exemplo, a Martha Medeiros, Leila Lopes (falecida) e Zé Victor Castiel, o Viriato da novela Laços de Família, entre 200/2001", recorda Camila enquanto envia fotos e as revistas da casa noturna.

 A Factory, que fechou definitivamente em janeiro de 2015, desde 2000 tinha site, com coluna vip. Natalie Affonso trabalhou por 11 anos. "Me tornei gerente em  2013.Comecei como atendente de bar, depois fui bartender,garçonete, chefe de bar, sub gerente e enfim gerente. Aí sim fazia de tudo", informa Natalie. De 2013 até janeiro de 2015, Natalie administrava inclusive a parte separada onde eram realizadas festas de 15 anos.

Tricolores na Factory


Ronaldinho, o filho da Dona Miguelina sempre gostou de festa e tinha a Factory como um de seus locais para as noites de festa. Mas não era o único tricolor.  O atual deputado federal Danrlei, ex-goleiro do Grêmio, Luiz Mário, Carlos Miguel e Roger, hoje campeão mineiro pelo Atlético,  também frequentavam a casa.

Fora da lista do COMPAC


O diretor de Urbanismo da Prefeitura, João Henrique Dias, explica que o prédio da Factory não estava na lista do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (COMPAC). "A demolição do prédio foi um dos assuntos na reunião com o  COMPAC de ontem à noite (9). Mas a demolição só foi autorizada pela Prefeitura porque o prédio não estava na lista", afirma João Henrique.

A demolição deve encerrar hoje à noite. O diretor de Urbanismo, João Henrique Dias, diz que a Prefeitura não pode informar o que irá funcionar no local, porque se trata de uma informação do proprietário ou de quem irá assumir o local. O Blog Berlinda está tentando contato com a família Rosa, segundo a Prefeitura, proprietária do espaço.

Veja os vídeos de parte da demolição do prédio:



18 comentários:

  1. Sou Gabriela Scrinz, arquiteta e atual presidente do Conselho E municipal de Patrimônio Cultural. Lamentável essa demolição. Lamentável pela história da cidade. Não só pela Factory, mas histórias passadas do prédio que poderia ter utilizado para muitos fins. O prédio não estava em uma "lista" de bens a serem preservados, mas estava dentro de um perímetro que estava sendo inventariado. Poderia ter sido tratado de outra forma. Toda a Tua Grande tem importância histórica. O COMPAC foi surpreendido com a demolição. NUNCA essa demanda passou pelo Conselho,apesar de ser um Conselho deliberativo sobre tudo que envolve patrimônio cultural. O Conselho não se limita a uma "lista" construída por historiadores a mais de 4 décadas. Há também um custo ambiental muito grande. Demolição de um prédio em condições de uso e de reaproveitamento, simplesmente demolido.

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    1. Oi, Gabriela. Mas a demolição vem acontecendo há meses. Nunca ninguém da prefeitura passou na calçada para verificar o que estava acontecendo?

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    2. Claro que sim. Os conselheiros do Compac questionaram a administração sobre a demolição. Mas não havia mais o que fazer... infelizmente...

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  2. Bom dia Gabriela, podes passar teu contato? tenho muito interesse em trabalhar esse assunto

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  3. Sou a Jane Catarina de Oliveira, jornalista. Parabéns, Sónia, pela excelente abordagem. Aproveito para dizer que concordo com Gabriela Scrinz. A Rua Grande como um todo tem importância histórica. Gostaria de vê-la revitalizada, sem essa poluição visual.

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  4. Conceição Freitas5/11/2017 01:12:00 PM

    Muitas festas eu fui,na década de 80/90. Depois levei minha filha, mais tarde ela que fazia festa com amigas . Muitos namoros e casamentos começaram na Factory. Vai ficar nas nossas memórias .

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    1. Eu estudei no antigo Pvsinos da independência,nossas festas e ponto de encontro sempre foram a Factory e o 765,me mudei de São Leo em 2003,fiquei muito triste com a demolição.

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  5. Agora a cervejaria está na 118, em sapucaia.

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    1. Bem lembrado!
      Inclusive ela foi premiada no Concurso Brasileiro em Blumenau.

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  6. Cornélio José Wiedemann5/11/2017 03:46:00 PM

    Passei grande parte dos meus 45 a 55 anos indo na factory em são leo
    é uma história da minha vida que tive paixões e desilusões amorosas.
    Mas a factory nunca me deixou na mão, sempre pessoas alegres e felizes
    adora estar lá
    é uma pena que ela vai deixar de existir em são leo o seu espaço
    triste mesmo
    Att,
    Cornélio José Wiedemann ( TI & DBA )

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  7. Respostas
    1. Virou uma farmacia com estacionamento privado eu acho

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  8. De 1967 a 1992 passei meus dias nesse prédio como colaborador na empresa da família OSTERMAYER, com muito orgulho.Mas... tudo passa. Bola pra frente.

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  9. Oi sou Diego.
    um Catarina que tem família no RS.
    e fui em várias festas nesse grande local.
    e sinto muito por ser destruído.

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  10. fez parte da minha adolescencia..pensar numa festa de alto nivel era pensar na factory..penso como foi cair nessa decadencia...nos primeiros anos era maravilhosa,ambiente bom nos ultimos anos ja estava bem ruim...

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  11. Galera... Eu juro.... Chorei ao ler isso... Meu nome é Daniel Teodoro dos Santos.... Tenho 40 anos....eu trabalhei por vários anos em São Leopoldo...sou de farroupilha.....confesso que nunca entrei no local....mas sempre foi um sonho....fazer o que agora.....
    Paciência.....beijos

    E abraços a todos......

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